segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Certas coisas obscuras


Foto: Fabrícia Soares

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo:
e amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor, vive oculto em meu
Corpo o apertado aroma que ascende da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

[A Dança, em Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda]

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